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Poder do Pensamento


Mente, Cérebro, Pensamento


A mente, aparelho psíquico, ou psiquê, se situa no perispírito e é responsável pela gama de fenômenos que atravessa o cérebro a caminho do Espírito. Ela, a mente, não é uma criação arbitrária da evolução, mas um mecanismo de captação e atuação de que se serve o Espírito e que foi deliberadamente constituída para servir a seus propósitos.

A psiquê é um enigma, um mistério tanto quanto a própria Natureza. Temos apenas uma pálida e imperfeita ideia do que ela é.

Podemos perceber que o cérebro, como qualquer máquina, obedece a um programa pré-definido. Sua deficiência, por uma disfunção, não impede o ato de pensar, visto que este surge na intimidade do Espírito e se irradia através das propriedades do perispírito. O cérebro não gera pensamento, tanto quanto não é responsável pelos fenômenos sutis da mente. Esta, tanto quanto o pensamento, é anterior a ele e em nada dele depende.

Embora alguns problemas psicológicos possam indiretamente decorrer de disfunções cerebrais, visto que o ser em evolução nem sempre sabe lidar com obstáculos, impressionando-se com eles, as anomalias ou transtornos psíquicos decorrem de deficiências estruturais na mente.

A profusão de pensamentos que ocorrem na mente humana sempre esteve presente em sua evolução e se constitui aquisição importante discernir a procedência deles. A construção do ego decorre também da necessidade de organizar os pensamentos que surgem do inconsciente, da influência de entidades desencarnadas, dos fenômenos telepáticos, bem como dos que, pelo ato da vontade, se formam na consciência. O pensamento parece, às vezes, ocorrer como uma fala dentro do cérebro, porém ele é uma emanação ou expressão do Espírito, o qual, utilizando-se da sutil energia do perispírito, faz surgir.

Para que o pensamento se desenvolva e forme uma idéia é preciso que ocorram algumas operações básicas, nas quais interferem os afetos, o desejo e a vontade. As operações básicas são: o conceito, o juízo e o raciocínio. O conceito é a expressão dos elementos gerais dos objetos e fenômenos e decorrem sempre da generalização. O juízo ocorre quando estabelecemos uma relação entre dois ou mais conceitos. E o raciocínio decorre da relação entre juízos. Essas operações ocorrem no perispírito e não dependem das estruturas cerebrais, salvo quando estamos encarnados e desejamos expressá-las.

Ele é uma espécie de voz interior que constantemente nos obriga a conectá-lo a algo consciente. Torna-se difícil não pensar, salvo se o Espírito utilizar-se de outra forma de expressão para manifestar a Vontade Divina.

Em termos materiais o pensamento é uma onda de frequência altíssima que impressiona a matéria de forma sutil, mas consistente a tal ponto de movê-la.

O pensamento é uma emanação coercitiva, isto é, obrigatória enquanto tivermos um corpo, seja este carnal ou perispiritual. Sua matéria prima é a energia sutil do Universo. Seu fluxo é determinado pelo impulso criativo do Espírito. Sua construção é de responsabilidade do Espírito. Seus elementos e símbolos de ligação são encontrados na consciência e no inconsciente.

O ego, enquanto função, parece ser o filtro de um feixe luminoso proveniente do Espírito que, constantemente apontando para a vida externa, perpassa por entre as redes de conexões emocionais existentes na zona inconsciente.

Esse filtro tem funções de alcance interno, dentro de limites estabelecidos pela evolução do Espírito. A lembrança é uma ação na qual o filtro estará conectando-se a conteúdos internos, resultantes das experiências havidas e arquivadas no perispírito e na consciência, assim como a conteúdos externos, os quais ainda estejam no córtex. Ele também estará permeável à força de algum conteúdo inconsciente com o qual se conectou, oriundo de influência espiritual.

O pensar, isto é, o organizar o pensamento em torno de uma idéia diretora é um dialogar consigo mesmo. Isso se dá através da comparação que fazemos com algo conhecido. O “penso, logo existo” decorre da necessidade da existência de um interlocutor interno para que o ego se sinta referenciado.

Os “biochips”, aos quais me referi lá atrás, poderão servir futuramente à armazenagem de processos informacionais úteis e que talvez possam vir a alcançar a mente.

O corpo não parece ter sido construído para abrigar um ser espiritual. O cérebro não contempla mecanismos com os quais o Espírito possa manifestar suas potencialidades. A máquina orgânica foi concebida e está sendo estruturada para a vida na matéria, a fim de fazer face aos desafios das condições externas.

Tudo no organismo humano, em particular no cérebro, gira em torno da vida material e de atender a respostas a estímulos oriundos dela. O cérebro foi concebido para regular o corpo a fim de que ele se adapte aos embates físicos. É quimera querer, através dele, explicar o Espírito. Ele é mero reflexo imperfeito e pobre do corpo espiritual. Seu funcionamento e sua estrutura não correspondem nem ao seu molde perispiritual, que dirá ao Espírito.

Creio que o Espírito, ao utilizar-se do corpo, deve se assemelhar a algum adulto que, desejando se deslocar de uma cidade a outra distante, só dispõe de um pequeno velocípede infantil. A limitação é o desafio a ser vencido pelo Espírito, visto que, caso nascesse perfeito, não valeria a pena existir.

Estudar o cérebro é dever da ciência e ele deve ser cada vez mais conhecido a fim de que possa ser utilizado todo o potencial que o corpo pode oferecer ao Espírito para seu aprendizado.

É equívoco pensar que se possa alcançar o Espírito tendo-se mapeado o cérebro e após a descoberta de todas as funções que ele desempenha. Não há região no corpo onde se possa limitar o Espírito ou mesmo o perispírito.

Notamos que há uma certa confusão entre o que é a mente e seus atributos e o que é o Espírito. Os processos mentais ou psicológicos estão presentes tanto nos encarnados quanto nos desencarnados. As percepções extra-sensoriais não são reveladoras ou provas da existência do Espírito, mas tão somente uma demonstração de propriedades psíquicas pertencentes ao perispírito. No perispírito, quer ligado ao corpo físico ou não, há estruturas que permitem o pensar, o sentir, o memorizar, bem como todas as funções que atribuímos ao cérebro além de outras por hora desconhecidas.

A mente não parece “tocar” o cérebro, mas justapor-se a ele sofrendo-lhe e provocando-lhe influência como um imã o faz quando se depara com um objeto metálico suscetível ao alcance de seu campo. A ligação entre o perispírito e o corpo físico, através de conexões sutis na base do cérebro, percebida por videntes, estabelece uma íntima união entre os dois corpos. Essas conexões são de natureza energética e se enraízam na estrutura molecular, porém de forma não impregnante.

Do livro "Psicologia do Espírito", de Adenáuer Novaes.